
Comemoração pelas notas fechadas da faculdade, pela despedida de um amigo que vai sair do trabalho, pelo fim de ano e pelo início de um novo.
Depois dos brindes, petiscos, sorrisos e abraços, chegou a meia-noite. E com ela uma dor de cabeça resultado da fritura do almoço. Estômago. Hora de ir embora.
O bar continuava lotado e a não ser pela mesa dos amigos, ninguém conhecido.
Lá fora, vento e garoa. Um boa-noite do segurança na calçada e a aos poucos o barulho do bar foi sumindo. Após alguns passos, só a luz da fachada. E um momento ficou.
Dois táxis parados. Qual pegar?
O mais seguro. Qual?
O primeiro saiu. Há o segundo.
Um senhor de 50 anos com um pedaço de pizza na mão.
“Tá livre?”
“Sim. Quer um pedaço, moça?”
“Obrigada. E pode seguir pela Consolação”.
Durante os primeiros minutos, toda aquela noite se repetiu. As conversas pontuais, as risadas e os olhares amigos sem contexto. Fiquei pensando naquele encontro que acabara de acontecer. No meio dessa reprodução, o taxista interrompeu, ainda com o pedaço na mão:
-“Não quer mesmo? Está ótima. E olha que o que eu queria mesmo era uma picanha”.
E um novo momento começou.O senhor era de São José de Rio Preto, pertinho de Araçatuba. Tínhamos algo em comum.
Esse ano, ele foi para lá só uma vez. Páscoa.
E eu fui cada vez menos para Araçatuba. São Paulo.
Uma boa pessoa, simpático, de sorriso bonito. Ele perguntou o que eu fazia, o que eu estudava, qual eram os planos.
Mackenzie.Jornalismo. Sonho.
-“Fase boa!” , ele disse. “Essa época que vc está é um momento em que vida da gente só vai às alturas. Conquistas e mais conquistas…depois que o tempo vai passando tudo tende a ficar como uma reta e essa é a minha fase…”
Ele falou com uma sinceridade incrível, e com tranquilidade no olhar.
Não era ruim. Não necessariamente bom.
Consolação. Augusta. Paulista
O pedaço de pizza já tinha acabado, a conversa não.
E todo esse papo de reta acabou caindo no que fazemos hoje ou não.
Ele começou a falar que mesmo no período em que ele estava, que vivia todos os dias por um objetivo.
Correndo e correndo atrás de algo que ele ao menos sabia se ia chegar. Concordei. Mas eu não acreditava de fato que poderia ser diferente. E ele também não.
Quem fala muito de viver o presente é a escritora Danuza Leão. Ontem terminei o livro dela, “Quase tudo”. O livro não é um primor. Mas há passagens excelentes. E em uma delas, ela diz: “A vida é assim mesmo, umas coisas vão piorando, outras melhorando, o passado já foi, o futuro não existe, vamos viver o melhor do presente, e pronto”.
O táxi parou. E a noite acabou ali naquele momento.
E entre fases e momentos, no que eu acredito é que o ser humano vai se melhorando quanto a isso. Todo mundo sabe que viver só o hoje é quase impossível, mas aproveitá-lo é bem interessante e o melhor a fazer.
Otimo ano novo pra vc Clara, e nao deixe mesmo de ficar sem escrever por mto tempo…rs…Suas palavras complementam meus dias e aguçam meus sonhos…>um beijao>Fica com Deus>e continue a sonhar, sempre!
Clarinhamigaaa!>Vc escreve cada vez melhor! Foge do lugar comum, tem saídas incríveis para diálogos rotineiros, comom usar “menos” em vez de “não”. Sobre o Tobias, ficou uma dúvida: ele fugiu do sítio?>2007 foi o melhor ano de sua vida? Você é que pensa. 2008 espera você ansiosamente.>Beijo.>Sou aquele seu amigoooo!!!