– O amor é como a beterraba – ela pensou.
Suculento. Vermelho. Rosa. Quase azul.
Você olha e pensa se irá experimentar. Depende de como ele está sendo apresentado. Em pedaços, inteiro ou em rodelas grandes que se desmancham com o tempo.
– O amor é uma beterraba. Só pode ser. – e cutucou o legume enquanto pensava alto.
Doce. Imprevisível. Quase bom. Quase ruim.
O alívio para vontade. A insatisfação por não ser completo.
– O amor é tão próximo à beterraba – ela ainda diz.
E prova, saboreia, se diverte e por vezes reclama do sabor.
Tão dela. Tão belo. Por que há de querer mais?
Alguns passam e nem olham. Tanta cor assim, assusta. Quanta personalidade em um só legume, oras.
– Como pode o amor ser uma beterraba? – se questionou.
Autossuficiente. Fica semanas sem aparecer e nem sentimos falta. Quando volta, podemos quase morrer só de pensar que ele pode demorar a voltar.
Pobre beterraba. Tão pura e segura de si. Sabe bem a importância que tem e por isso esnoba, escolhe e se sente. Um desmanche na boca, um vermelho que demora para sair. Tanto sabor.
– Me diga como é o amor, beterraba! – ela insiste.
Ele é seu, deguste como quiser.
Clarinha!
Jamais a beterraba recebeu tamanha homenagem.
Nem sei o que falo de você para você.
Beijos.