O dia 27 foi o dia em que eu dormi com algumas estrelas fosforescentes coladas na cama.
Há oito anos colei essas estrelas com a minha irmã. A mesma quantidade nas duas cabeceiras.
Depois de tanto tempo, elas ainda brilham e se gabam por serem as únicas a aparecerem na escuridão.
Falar sobre essas estrelas sempre foi assunto para ser comentado com a minha irmã. A noiva.
Dormir em Araçatuba implicava em falar sobre as bichinhas durante à noite com ela.
Como poderiam ainda estar ali, radiantes?
No dia 27, minha irmã deixou de dormir em casa. Ela se casou.
E as estrelas brilharam apenas para mim. E não receberam nenhum comentário.
Por um momento me vi descolando todas elas da madeira.
Como sozinhas poderiam causar tanta nostalgia?
A solução seria mudar o foco.
Ter tantas lembranças no dia 27 por causa de uma dúzia de estrelas valeria a pena apenas por uma coisa.
Vê-la tão feliz como a vi nessa data.
Segura e serena.
Mais radiante que qualquer estrela.
Há objetos que só possuem sentido em determinado contexto, o que, pressuponho, é o caso dessas estrelas fosforescentes.