Quando meu pai está pelas redondezas, nos enveredamos em filmes que estão longe dos shoppings e cinemas lotados. No último sábado chuvoso e cheio de frio fomos ver Minhas Tardes com Margueritte, em uma sala do Espaço Unibanco lá, na rua Augusta. Eu gosto desse cinema, tem um café simpático e um jardim nos fundos que parece um quintal de casa. A fila estava repleta de velhinhos. Eu até acho que já comentei sobre isso aqui – adoro a terceira idade de São Paulo. Eles são tão participativos das atividades culturais da cidade, que as aproveitam com muito mais entusiasmo do que nós, jovens temporários.
A sala tem espaço para 50 pessoas – mais da metade tinha mais de 60 anos. Com o início do trailer e as luzes semi apagadas, elas papeavam sobre cinema, teatro e o último do Woody Allen. A sessão começou 16h em ponto e com apenas 1 trailer de prévia, trouxe o filme que se mostrou uma feliz surpresa.
Um homem conhecido desde criança pela sua ignorância e dificuldade em aprender. Uma senhora que respira palavras, livros e conhecimento. Juntos, trocam gentilezas, dicionários e se tornam amigos que, mesmo separados por criações diferentes, parecem sido feitos um para o outro.
O filme não é triste mas choramos. Os velhinhos, meu pai, eu e o restante da juventude. Quanta delicadeza. Um humor misturado com o desamor que o ator enfrenta desde criança por parte de sua mãe; a sinceridade de uma senhora que antecipa sem ilusão as limitações que a idade lhe causará e uma troca sem frescura que não pede a opinião de ninguém. A evolução do protagonista e sua vontade de aprender é contado de forma tão sutil, que faz a plateia se apaixonar por ele e se emocionar a cada palavra aprendida e compartilhada.
Eu chorei como há muito tempo não fazia em um filme. O longa traz uma sutileza tão natural que parece mesmo a vida – com as conquistas que nem sempre todo mundo vê e com as chateações e medos que se afogam dentro da gente, sem que ninguém perceba. É uma beleza que permaneceu em todo o meu fim de semana e já traz saudades. Não deixem que este filme saia de cartaz sem que tenham contato com tudo o que ele transmite. Assistam, mesmo.
Chorei só te ver o trailer.
;)
Já enfrentei, por várias vezes, situação parecida no Unibanco da Augusta; os comentários desferidos pelos frequentadores daquele espaço me fazem pensar o quão ainda tenho de aprender, seja intelectualmente como na vida mesmo. Assistir a um filme fora do grande circuito naquele lugar é uma experiência única e traz aprendizados desde a fila da bilheteria até a aparição dos créditos.
Obrigada pelo comentário, Érico. Bom saber que esses filmes despertam boas sensações em você também.
Vou assistir amanhã sem falta! Ainda bem que ainda esta no cinema!
Inigualável jeito de dizer: “Eu gosto desse cinema, tem um café apertado e um jardim nos fundos que parece um quintal de casa.”
Mas a Natali exagerou, Clarinha. Chorou no trailer do filme? Será que ela chora vendo comercial na TV, também?
Que ela não nos leia…
Samck!!!
PS: Natali, é brincadeira, viu?