Hoje tem sido uma noite atípica. Está chovendo tanto, mas tanto, que às eu acho que estou com essa vontade de chorar apenas para fazer companhia para a chuva. Para me entregar com ela, levar as lágrimas, e entregar essa solidão que chegou hoje, agora, junto com esse monte de água.
São Paulo com chuva é tão melancólica. Tão desafiadora. A chuva me traz lembranças, algumas saudades, e um sentimento muito profundo que, à noite, transborda.
Peguei o violão. Eu precisava dele. E comecei a tocar a primeira música que me veio à cabeça. Uma música que aprendi há muito tempo.
Uma das melhores decisões que tomei na minha vida foi aprender a tocar violão. Não toco muito, não toco sempre, também não sei fazer acordes complexos, mas aprendi o bastante para me aliviar o sufoco em uma noite solitária e cheia de sensibilidade. Comecei a dedilhar uma canção muito das bonitas que me ajudou a libertar esse tanto de emoção que já não cabia aqui. E chorei. Chorei pra valer. Pela primeira vez chorei tocando violão. Natural como o tempo escuro lá fora. Instintivo como beber água ou dormir. Ou amar.
E por falar em amar fiquei pensando em você. Em como, às vezes, seria bom ter você por perto com toda a sua racionalidade. Porque o que me sobra de emoção, falta em você. E acho que deve ser saudável, pra variar, estar cercada da sua maneira crua de ver a rotina. Sem muitos pensamentos sobre essas coisas delicadas da vida – como um dia de chuva cheio de história. É que é tão fácil gostar de você. Desse brilho que você tem ao me entregar um sorriso, um papo, um convite que – mesmo com seus defeitos – eu não paro de pensar que gostar de você é uma das coisas mais sinceras que já me acorrera. Gostar de você mesmo com a sua chatice. Mesmo com essa sua vontade de ser livre sem se prender a nada – assim como eu. E mesmo que sejamos iguais neste sentido, te odeio por isso. Mas é que tantas pessoas passam pela nossa vida sem que nos apaixonamos, que você apareceu para me lembrar como é sentir tanta coisa de uma vez só. Você. Uma das coisas que me faltaram hoje.
Talvez eu consiga fazer com que a chuva leve essa saudade com ela também.
Ainda toco a música, mas o choro passou.
Por enquanto, só ficamos eu e o violão. E lá fora chove.
ps: a música tocada foi essa aí de cima.
Lindo! <3
Puxa, Claritcha. Acompanho suas crônicas já tem um bom tempo tempo. Arrisco-me a dizer que essa foi uma das mais profundas que tu escreveu, se não for a mais profunda.
E é sempre assim. A gente chora por amor. Algo que consegue ser tão belo e doloroso ao mesmo tempo, e a gente nunca vai entender o porquê disso.
Beijo grande.
P.S.: NÃO CHORA! :P