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Pandemia sem bater meta

Eu não estou conseguindo fazer planos nesta pandemia. Desculpa. Não tô estudando línguas, fazendo cursos online, planejando viagens pós-covid, cumprindo abdominais na varanda, estabelecendo objetivos pra alcançar daqui 6 meses. Sem julgamentos. Só contando o que tá rolando do lado de cá.

Tô tocando. Me alimentando com café preto de manhã, frutas e comidas saudáveis ao longo do dia. Continuo no pilates. Tô lendo meus livros sem a intenção de acabar 1 por semana. Vejo séries que me fazem bem e às vezes filmes que me fazem chorar. Zapeio em programas de veterinária e de centros cirúrgicos. Saio pra andar na rua aos sábados pra tomar um solzinho. Assino jornal porque é meu ritual há 15 anos em São Paulo. Gosto do papel na mão e do acolhimento que o impresso me traz. Pesquiso lentes, acessórios e takes que possam contribuir pro meu trabalho. Gosto de estudar audiovisual com vídeos do Youtube. Me impressiono com a diversidade de ideias criativas no TikTok. Aliás, filtrei o aplicativo de um jeito que hoje em dia eu acho que só aparece insights interessantes pra mim. E vou indo sem pressa.

Uso filtro solar, às vezes compro panelas pela internet e esses dias reuni sacolas de roupas minhas pra doação. Não tô conseguindo tomar drinks em bares e experimentar novos restaurantes. Eu curtia muito fazer isso. Mas estou com medo e resolvi me isolar. Os almoços e jantares são sempre em casa, e a louça também. Acordo, vou para o trabalho e quando termino, volto pra casa. Aliás, enchi o escritório de plantas, o que me dá a sensação de que o trabalho é o que mais me acolheu na pandemia.

E sem expectativas. Sem a ansiedade de achar que o mundo será salvo após a vacina (já que tem muita gente para ser vacinada ainda e muitas variantes que a gente não sabe como vão se comportar) e sem me cobrar de que eu deveria estar me tornando uma pessoa melhor depois que o coronavírus dominou o mundo. Hoje foi um dia interessante. Precisava fazer um roteiro difícil mas há meses eu não criava um. Estava mais concentrada em captação e edição nas últimas semanas. E aí vi a indicação de que vídeos como este e este aqui podiam ajudar na concentração durante o trabalho. Não acreditei muito mas coloquei para ouvir e abri a página em branco. Em duas horas consegui focar como há muito tempo não fazia e terminei o roteiro num tempo recorde. Foi bom conseguir retomar a concentração plena, nem que por apenas algumas horas. Durante as atividades do dia, eu acabo me distraindo com mil coisas e às vezes me esqueço que eu tenho a capacidade de parar e fazer uma coisa só.

Vou à feira nas quintas comprar verdura fresca. Falo com meu sobrinho por FaceTime, lavo o cabelo em dias alternados. Tô mantendo a saúde mental e dormindo até às 10h no domingo. Durante a semana, quando as gravações são muito puxadas, tomo um banho quente e finalizo o dia com cobertor no pé, deitada no sofá. Viciei em newsletters, chocolate 70% e água gelada com limão cravo. De sexta à noite, vinho rosé.

Sem planos, eu sei. Sem imaginar como vai ser a minha vida daqui a 5 anos. Perdão. Não é nisso que quero pensar agora. Sigo resolvendo as pendências e os compromissos conforme eles vão aparecendo. O mundo está de cabeça para baixo e eu pretendo viver o presente da forma mais saudável e menos angustiante possível. E cada um, certamente, deve fazer o que naturalmente sente vontade. Tem muita pandemia pela frente e para mim, por enquanto, bater metas não é prioridade.

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