Pearl Jam a lembrava do primeiro namorado. Fofo, colocava o CD no carro sempre que a pegava em casa. Depois ele virou um idiota e ela não ouviu mais nada da banda.
O segundo só gostava de Tim Maia e Jorge Ben. E até hoje ela não escuta nenhum som que lembre o samba-rock.
O terceiro, que durou só duas semanas, era Beatles. Penny Lane, Don’t Let Me Down, Let it be e Get Back não estão mais na lista de reprodução do seu ipod.
Já o Pedrinho era uma graça. Curtia Maria Rita, Vinícius e Toquinho. Droga, justo compositores de MPB, todos riscados do seu caderno de canções.
Ancelmo, que ficou só na paquera, deu um CD do Wallflowers e do James Morrison para conquistá-la. Funcionou. Mas ele saiu com outra antes de chamá-la para dançar. E assim ele se foi da sua vida como os dois grupos musicais.
Mas Jaime. Quanto bom gosto, Jaime. U2, The Swell Season, Semisonic, Jason Mraz e Eve 6. Após o término, no entanto, ela mal podia ouvir a introdução das músicas que já desligava o rádio. Você foi importante Jaime, não exija isso dela.
O que restava? Talvez sertanejo mas esse estilo era a cara do João. Previsível. Compôs uma de raíz especialmente para ela mas, foi só levar um fora que já atribuiu a letra a outra amiga do colégio. Patético.
Mais nada. As suas bandas preferidas já haviam sido gastas, ouvidas, cansadas com eles. Todos eles. E o que era bom virou nostálgico, difícil de aguentar.
– O que eu faço, pai? – seu confidente de todas as horas.
– Fácil. Neutralize todos os sons, bandas e cantores que você gosta e que em algum momento ouviu com os seus ex.Tente não definir os seus namorados por canções. Conserve-os longe das trilhas da sua vida. Guarde-os em seu pensamentos pelas boas fases, deixe as músicas fora disso. Liberte-as.
– E se eu não conseguir?
– Não ouça mais nada.